Richard Sandrak, hoje com 33 anos, ficou conhecido mundialmente nos anos 1990 como o “Pequeno Hércules”, o garoto mais forte do mundo. Aos cinco anos, ele já se exercitava cerca de oito horas por dia. Aos oito anos, exibia um abdômen definido, peitorais esculpidos e era capaz de levantar três vezes o próprio peso corporal no supino.
No entanto, Sandrak revelou recentemente que foi forçado a manter essa rotina exaustiva para alcançar um físico considerado antinatural, o que resultou em níveis perigosamente baixos de gordura corporal. Privado de uma infância normal, ele decidiu expor a violência e os abusos físicos e emocionais que sofreu, desaparecendo posteriormente dos holofotes.
“Quando as pessoas falam sobre uma lembrança de infância, geralmente é algo positivo. Eu não consigo me identificar com isso. Para mim, era algo diário — eu sofria abusos físicos e emocionais do meu pai”, contou Richard em entrevista ao jornal britânico Metro.
Segundo ele, seu pai frequentemente tinha acessos de raiva que transformavam treinos comuns em sessões de abuso. “O que começava como um treino normal acabava comigo fazendo um chute triplo durante 12 horas seguidas. Eu nunca vou esquecer disso, porque foi extremamente exaustivo e emocionalmente pesado. Houve mais vezes do que consigo contar em que uma simples sessão de treino se transformou no que parecia uma situação intensa de sequestro”, relatou.
Durante sua infância, Richard participou de concursos de fisiculturismo e rapidamente se tornou um fenômeno global. Apesar da rotina extremamente intensa, o garoto não percebia que algo estava errado. “Foi assim que eu fui criado. Eu não tinha com o que comparar. Eu não tinha um amigo que me dissesse: ‘isso não é normal, a gente não vive assim’”, declarou.
“Meu pai era muito abusivo. Aprendi desde cedo a não pedir para parar. Você trinca os dentes e continua fazendo o que mandam”, completou. O único momento em que se sentia tratado com dignidade era durante viagens ou aparições na televisão, ocasiões em que seu pai, Pavel Sandrak, precisava aparentar um comportamento adequado.
Em 2003, Pavel foi preso após agredir a esposa, Lena Sandrak, e foi posteriormente deportado para a Ucrânia. Richard recorda o momento em que, vencendo o medo, ligou para a polícia: “Nós [ele e a irmã mais nova, Anastasia] não crescemos sabendo que podíamos ligar para a polícia. Eu tinha muito medo de dar esse passo tão drástico. Mas os abusos estavam piorando e eu só me lembro de ficar sentado ao lado do telefone, tentando tomar essa decisão. Liguei, pedi para que não ligassem as sirenes, e eles vieram e o levaram. Desde então, tem sido como respirar ar puro.”
Após a prisão do pai, a vida de Richard começou a se tornar mais próxima da normalidade. Aos 11 anos, ele pôde, pela primeira vez, experimentar novos tipos de comida, frequentar a escola e fazer amigos. Ainda assim, os efeitos físicos da infância abusiva persistiram, e ele relata sentir dores articulares significativas até hoje.
Apesar de ter abandonado o fisiculturismo aos 16 anos, os desafios continuaram. Na vida adulta, Richard enfrentou problemas com o alcoolismo, chegando a consumir no mínimo uma garrafa de tequila por dia, conforme relatado pelo Metro. Entretanto, o ex-fisiculturista revelou estar sóbrio há mais de um ano.
Atualmente, Richard vive em Los Angeles, nos Estados Unidos, ao lado da namorada e de seus gatos, Miko e Mushu. Ele trabalha como gerente de varejo e já atuou em diferentes áreas profissionais, como dublê e chef de cozinha.
(com informações CNN)