Oito bebês — quatro meninos e quatro meninas — nasceram saudáveis após passarem por um procedimento inédito de fertilização in vitro (FIV) que utiliza o DNA de três pessoas. A técnica, denominada transferência pronuclear, foi aplicada por pesquisadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, e publicada no periódico científico The New England Journal of Medicine (NEJM).
O método consiste na substituição das mitocôndrias defeituosas da mãe por mitocôndrias saudáveis de uma doadora, reduzindo significativamente o risco de transmissão de doenças genéticas graves, antes consideradas incuráveis. Todos os bebês apresentaram marcos de desenvolvimento normais e níveis de mutação mitocondrial indetectáveis ou insignificantes.
A transferência pronuclear ocorre após a fertilização, quando o genoma nuclear do óvulo da mãe é inserido em um óvulo doado, cujo núcleo foi removido. Com isso, o embrião resultante herda o DNA nuclear dos pais e o DNA mitocondrial da doadora. Embora o procedimento possa transferir pequenas quantidades de mitocôndrias defeituosas, os níveis detectados nos recém-nascidos ficaram muito abaixo dos 80% associados ao risco clínico.
Apesar das limitações técnicas, todos os bebês — incluindo gêmeos idênticos — nasceram saudáveis. Três deles apresentaram problemas de saúde nos primeiros meses, mas os pesquisadores não estabeleceram relação direta com a técnica utilizada. O estudo representa um avanço significativo na medicina reprodutiva e nas terapias genéticas.