O Ministério da Saúde lançou, nesta quarta-feira (23/07), o programa Agora Tem Especialistas, com o objetivo de enfrentar a escassez de profissionais na Atenção Especializada do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa prevê um conjunto de medidas estruturantes para ampliação da formação e provimento de especialistas, com destaque para a oferta de 1,7 mil bolsas de aperfeiçoamento para médicos já titulados, além de 1.000 novas vagas para residências multiprofissionais, incentivo à preceptoria, valorização da titulação médica e fortalecimento da formação em oncologia.
Durante o lançamento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou que esta é a primeira vez que o Governo Federal estrutura uma política voltada exclusivamente ao provimento de médicos especialistas para a Atenção Especializada do SUS. “Depois do sucesso do Programa Mais Médicos, que ampliou a cobertura da Atenção Primária, chega a vez do Agora Tem Especialistas, que irá financiar o aprimoramento de médicos especialistas já formados para atuarem nas áreas prioritárias da rede pública”, declarou.
Cursos com prática assistencial e bolsa-formação
O programa contempla 635 vagas imediatas para início em setembro de 2025, com atuação prática em hospitais e policlínicas da rede pública. Os cursos de aprimoramento, com duração de 12 meses, serão ministrados por instituições de referência vinculadas ao PROADI-SUS e à Rede Ebserh, em 16 áreas prioritárias para o SUS, como oncologia, ginecologia, entre outras.
A carga horária será composta por 16 horas semanais de prática assistencial supervisionada e 4 horas de atividades educacionais, incluindo mentorias remotas e imersões em serviços de referência. Os médicos selecionados receberão uma bolsa-formação no valor aproximado de R$ 10 mil mensais. Para participar, é necessário possuir titulação reconhecida pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) ou pela Associação Médica Brasileira (AMB).
As demais 1.143 vagas ficarão disponíveis em cadastro reserva para futuras convocações. As inscrições serão abertas no dia 28 de julho, por meio da plataforma UNA-SUS.
Expansão da residência multiprofissional e incentivo à preceptoria
O ministro também anunciou a criação de 1.000 novas bolsas para residências multiprofissionais, contemplando profissionais como enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos. As áreas priorizadas são saúde da mulher, oncologia, reabilitação, deficiência e Atenção Primária à Saúde.
Para fortalecer a formação, o programa prevê incentivos financeiros à preceptoria. No caso da residência médica, o valor será de R$ 4 mil por mês para coordenadores e preceptores a cada três vagas autorizadas, com investimento total previsto de R$ 97,7 milhões até 2026. Na residência multiprofissional, os valores serão de R$ 3 mil para coordenadores, R$ 3 mil para preceptores (a cada cinco vagas) e R$ 2 mil para tutores, totalizando R$ 12,2 milhões até o final de 2026.
Valorização da titulação médica e formação oncológica
Outra medida importante anunciada foi a valorização da titulação médica nacional. A partir de agora, o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) será aceito como critério para ingresso em subespecialidades médicas, promovendo a integração entre formação acadêmica e experiência profissional.
O ministro também confirmou a abertura de uma segunda entrada anual na residência médica ainda em 2025. O objetivo é ocupar vagas ociosas utilizando as listas de espera dos processos seletivos anteriores, acelerando a formação de especialistas em áreas estratégicas.
Ênfase na formação em oncologia
A formação oncológica é uma das prioridades do programa. Para estimular a ocupação de vagas em residência médica nas especialidades de Patologia e Radioterapia, será oferecida uma trilha educacional complementar, integrada à residência médica. Essa trilha enfatizará competências práticas e atuação supervisionada. Médicos residentes que aderirem à capacitação também poderão receber bolsa-formação.
Impacto esperado
Com foco no fortalecimento da Atenção Especializada, o Agora Tem Especialistas visa melhorar o acesso da população a serviços especializados, reduzir filas de espera e ampliar a resolutividade do SUS. Ao todo, espera-se impactar mais de 1.900 profissionais da saúde, com ações articuladas em todos os níveis da rede pública, incluindo qualificação profissional, estruturação de serviços e aprimoramento de dados e sistemas.