Primeiras doses chegam ao SUS em novembro; acordo também prevê fabricação de medicamento para esclerose múltipla
O Ministério da Saúde anunciou, em 10 de setembro, uma parceria estratégica com o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer para a produção nacional da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR). O acordo prevê a transferência de tecnologia, o que permitirá ao Brasil fabricar o imunizante e garantir sua oferta gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
As primeiras 1,8 milhão de doses adquiridas por meio da cooperação chegarão ao país até dezembro. A distribuição nas unidades de saúde terá início na segunda quinzena de novembro, com foco em gestantes, que receberão a vacina a partir da 28ª semana de gestação. A imunização materna permitirá a transferência de anticorpos aos bebês, protegendo-os nos primeiros meses de vida.
Segundo estimativas do ministério, a vacina tem potencial para prevenir cerca de 28 mil internações por ano, beneficiando aproximadamente 2 milhões de recém-nascidos. O VSR é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% das pneumonias em crianças menores de 2 anos.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância da medida:
“É uma proteção dupla: protege a gestante e o recém-nascido. E, ao mesmo tempo, garante transferência de tecnologia, inovação e geração de emprego e conhecimento no Brasil.”
Produção nacional de medicamento para esclerose múltipla
Além da vacina, o ministério anunciou uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para a produção nacional do natalizumabe, medicamento indicado ao tratamento da esclerose múltipla na forma remitente-recorrente de alta atividade, que representa cerca de 85% dos casos.
O acordo entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sandoz prevê transferência integral de tecnologia, permitindo que o Brasil produza desde o insumo farmacêutico ativo (IFA) até a formulação final. O natalizumabe já é ofertado no SUS desde 2020, mas até então contava com apenas uma empresa registrada na Anvisa.
No Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com esclerose múltipla, doença autoimune que compromete o sistema nervoso central e afeta principalmente adultos jovens.
Fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde
Essas iniciativas integram o plano do Governo Federal de reduzir a dependência externa em medicamentos e vacinas, fortalecendo o Complexo Econômico-Industrial da Saúde. A expectativa é que, em até 10 anos, 70% das necessidades do SUS sejam supridas com produção nacional.
Estão previstos R$ 57,4 bilhões em investimentos públicos e privados no setor, destinados à inovação, infraestrutura e transferência de tecnologia.


