A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento Mounjaro® (tirzepatida) para o tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS) em adultos com obesidade. A decisão, anunciada no dia 20 de outubro, marca um avanço importante: o Mounjaro se torna a primeira terapia farmacológica oficialmente aprovada no Brasil para essa condição.
A apneia obstrutiva do sono é uma doença caracterizada por interrupções na respiração durante o sono, geralmente causadas pelo relaxamento dos músculos da garganta, o que bloqueia as vias aéreas superiores. As pausas respiratórias podem durar de 10 segundos a mais de um minuto, comprometendo a qualidade do sono e provocando sintomas como ronco alto, fadiga, dificuldade de concentração e sonolência diurna.
Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), a obesidade é o principal fator de risco para a apneia, que pode agravar condições cardiometabólicas como hipertensão, diabetes tipo 2, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral.
Eficácia comprovada
A aprovação da Anvisa se baseia nos resultados do estudo clínico de fase 3 SURMOUNT-OSA, que avaliou a eficácia da tirzepatida em pacientes obesos com apneia moderada a grave.
Os resultados mostraram que o uso de Mounjaro, nas doses de 10 mg e 15 mg, reduziu em média 27 interrupções respiratórias por hora, contra apenas cinco no grupo placebo — um desempenho cinco vezes superior.
Após um ano de tratamento, 42% dos pacientes tratados apenas com Mounjaro e 50% dos que combinaram o uso com CPAP apresentaram remissão ou apneia leve sem sintomas, em comparação com 16% e 14% nos grupos placebo, respectivamente.
O medicamento também demonstrou efeito expressivo na redução de peso corporal, com perda média de 20,4 kg (18%) entre os pacientes tratados apenas com Mounjaro e 22,7 kg (20%) entre os que associaram à terapia com CPAP.
“A aprovação de Mounjaro para a apneia obstrutiva do sono é um marco transformador. Pela primeira vez, temos uma opção que trata a causa subjacente da doença — a obesidade —, oferecendo melhora significativa na qualidade de vida e redução dos riscos cardiometabólicos”, afirmou Luiz André Magno, diretor médico sênior da Eli Lilly, farmacêutica responsável pelo medicamento.
Sobre o medicamento
O Mounjaro é composto por tirzepatida, uma molécula agonista duplo de GLP-1 e GIP, hormônios intestinais que estimulam a produção de insulina e reduzem o apetite.
O fármaco já era aprovado no Brasil para o tratamento do diabetes tipo 2 (desde 2023) e da obesidade (desde junho de 2025), devendo sempre ser associado a mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada e prática regular de atividades físicas.


