Uma metanálise conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE) em parceria com instituições como a Faculdade de Medicina do ABC e a USP revelou que a prática regular de atividades físicas, especialmente a combinação de exercícios aeróbicos com treinos de resistência, pode reduzir significativamente os impactos negativos da pós-menopausa em mulheres com diabetes tipo 2.
O estudo analisou dados clínicos de 83 mulheres e observou melhorias consistentes em indicadores metabólicos, função muscular, perfil lipídico e saúde óssea. A pesquisa chama atenção para a necessidade de intervenções não farmacológicas direcionadas a esse grupo, que apresenta risco aumentado de doenças cardiovasculares, osteoporose, sarcopenia e complicações renais.
O desafio da dupla vulnerabilidade
A menopausa promove uma queda natural dos níveis de estrogênio, impactando diretamente a densidade mineral óssea, equilíbrio emocional, e resistência física. Quando combinada com o diabetes tipo 2, que envolve a produção inadequada de insulina e o acúmulo de glicose no sangue, os efeitos sobre a saúde feminina são potencializados.
O endocrinologista José Maria Soares, da FMUSP, alerta que essas mulheres apresentam maior risco de infarto, derrame, depressão e perda de autonomia física. A obesidade, comum nesse perfil, agrava o quadro ao favorecer a perda de massa muscular e o desenvolvimento de sarcopenia.
Segundo Rodrigo Daminello, autor da metanálise e professor da FMABC, os exercícios de resistência melhoram o equilíbrio e a força muscular, prevenindo fraturas e promovendo o envelhecimento saudável. Já os exercícios aeróbicos auxiliam na queima calórica, melhora da circulação, controle do colesterol e da pressão arterial, além de impactos positivos sobre o humor e o sono.
Mecanismos e políticas públicas
O estudo destaca o papel da enzima AMPK, estimulada pela atividade física, na regulação da glicose e lipídios no organismo, melhorando a sensibilidade à insulina e promovendo melhor uso da energia pelas células musculares.
Embora os dados analisados sejam preliminares, os autores defendem a inclusão de programas de exercício físico resistido nas políticas públicas de saúde, voltadas especialmente às mulheres em processo de envelhecimento.
Para Soares, a prevenção precisa ser valorizada:
“É muito melhor fazer a prevenção da doença com atividade física do que tratar as complicações dela.”
A pesquisa reforça a necessidade de campanhas de conscientização e educação em saúde, para que mulheres compreendam o papel ativo que podem desempenhar no próprio bem-estar, especialmente após a menopausa.