Casos de bactérias carnívoras estão crescendo nos EUA e especialistas apontam mudanças climáticas como causa

Os registros de infecção por Vibrio vulnificus, popularmente conhecida como bactéria carnívora, estão crescendo de maneira alarmante nos Estados Unidos. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), os casos aumentaram 800% na Costa Leste entre 1988 e 2018. Cientistas relacionam o avanço diretamente às mudanças climáticas, que vêm elevando a temperatura da água do mar e alterando sua salinidade, criando condições ideais para a proliferação da bactéria.

Um exemplo marcante aconteceu no sudoeste de Nova Orleans, em uma pequena vila de pescadores no pântano da Louisiana. Linard Lyons, um morador local, passou uma manhã comum em seu barco de 19 pés, preparando armadilhas para caranguejos para seus netos, como já havia feito inúmeras vezes. Porém, um pequeno arranhão em sua perna quase o levou à morte.

No dia seguinte, Lyons acordou se sentindo “delirante”, com febre e vômitos. Inicialmente pensou tratar-se de uma virose estomacal, mas logo percebeu que feridas escuras e enegrecidas estavam se espalhando por sua perna esquerda. Ao procurar seu médico de família, ouviu o alerta imediato: era um caso de Vibrio vulnificus. Em menos de uma hora, Lyons já estava na sala de cirurgia de um hospital.

As feridas indicavam fasciíte necrosante, uma infecção grave que destrói rapidamente o tecido sob a pele. O médico que o atendeu foi direto: “Tenho sua permissão para fazer o que for necessário para salvar sua vida?”. Lyons sabia que corria o risco de perder a perna ou até mesmo não sobreviver. Naquele momento, recebeu apenas 50% de chance de sair vivo do hospital.

Os cirurgiões conseguiram controlar a infecção e preservar o membro. Mesmo assim, Lyons passou três dias na UTI, três semanas internado e precisou de uma combinação intensa de antibióticos. Hoje, mais de três meses depois, continua em recuperação. Portador de diabetes, ele descreve o processo como um “sofrimento”, mas mantém a esperança de que um enxerto de pele finalize o tratamento.

Segundo o oficial de saúde do Mississippi, Daniel Edney, para pessoas saudáveis a bactéria geralmente não representa risco fatal. Entretanto, indivíduos com o sistema imunológico enfraquecido ou doenças crônicas, como diabetes, têm risco maior de desenvolver infecções graves. A recomendação é clara: quem possui cortes ou feridas deve evitar contato com águas costeiras, consideradas naturalmente contaminadas.

Além da exposição pela pele, o consumo de alimentos também pode ser uma porta de entrada para a infecção. Mariscos crus ou malcozidos, especialmente ostras, estão entre os principais vetores. A legislação da Louisiana obriga que restaurantes exibam avisos visíveis em seus cardápios sobre o risco do consumo de ostras cruas. Isso porque uma única ostra pode conter até 1 milhão de células da bactéria, já que esses moluscos filtram a água do mar e acumulam microrganismos.

De acordo com o CDC, cerca de 1 em cada 5 pessoas infectadas morre, muitas vezes em um intervalo de apenas dois dias após o início dos sintomas. Muitos pacientes precisam de amputação de membros como forma de conter a infecção. Até julho deste ano, apenas na Louisiana, foram registradas 17 hospitalizações e quatro mortes, número mais que o dobro do esperado para a temporada.

Outros estados também apresentam aumento expressivo. Em Massachusetts, autoridades confirmaram 71 casos somente neste ano, com taxa de hospitalização de 30%. Embora não tenha havido mortes, foi relatado um caso “extremamente raro” próximo a Martha’s Vineyard. A Virgínia, por sua vez, reconhece que os casos vêm aumentando consistentemente nos últimos dez anos. Já na Carolina do Norte, o crescimento chegou a 620% em uma década, enquanto em Nova York o número de casos mais que triplicou.

Os cientistas associam esse avanço às mudanças climáticas. Oceanos mais quentes favorecem a sobrevivência das bactérias no inverno, resultando em surtos ainda mais intensos no verão. Além disso, o derretimento das geleiras reduz a salinidade do mar, criando um ambiente perfeito para o desenvolvimento da Vibrio vulnificus. A professora Rachel Noble, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, alerta: “Este não será o único patógeno que aumentará diante das mudanças climáticas. É apenas um exemplo, mas um do qual podemos realmente aprender”.

Diante desse cenário, especialistas reforçam a importância da conscientização. Segundo o CDC, qualquer ferimento deve ser imediatamente limpo com água corrente e sabão. Sintomas como febre, vômito e lesões escuras na pele exigem busca imediata por atendimento médico de emergência.

Lyons, que sobreviveu após enfrentar a bactéria, deixa seu alerta: “Espero que minha história ajude as pessoas a entenderem o que procurar. Um diagnóstico errado pode ser uma sentença de morte. Se tiver sintomas, vá direto à emergência. Isso pode salvar sua vida”.

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