A depressão está associada a um risco aumentado de demência tanto na meia-idade quanto na velhice, segundo estudo publicado na revista eClinicalMedicine. A pesquisa reforça a importância de identificar e tratar quadros depressivos ao longo da vida como uma estratégia relevante para a proteção da saúde cerebral.
Embora estudos anteriores já tenham relacionado a depressão a um maior risco de demência, permanecia a dúvida sobre qual período da vida seria mais crítico para essa associação. O novo estudo, liderado por Jacob Brain, esclarece que a depressão, independentemente de sua manifestação na meia-idade (a partir dos 40 ou 50 anos) ou na velhice (a partir dos 60 anos), contribui de forma significativa para o aumento do risco de desenvolvimento de demência.
“A depressão está associada a um risco aumentado de demência tanto na meia-idade quanto na velhice. Isso destaca a importância de reconhecer e tratar a depressão ao longo da vida, não apenas para a saúde mental, mas também como parte de uma estratégia mais ampla de proteção cerebral”, afirmou Brain em comunicado oficial.
As possíveis conexões entre depressão e demência ainda são alvo de investigações, mas envolvem hipóteses como a inflamação crônica, desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, alterações vasculares, desequilíbrios nos fatores neurotróficos e nos neurotransmissores, além de fatores genéticos e comportamentais compartilhados.
Para fundamentar suas conclusões, os pesquisadores realizaram uma ampla revisão sistemática da literatura existente, reunindo dados de meta-análises anteriores — método estatístico que combina os resultados de vários estudos para uma estimativa mais robusta — e adicionando estudos recentes que não haviam sido incluídos nas revisões anteriores. Em seguida, reanalisaram individualmente os dados, com foco específico no momento da avaliação da depressão, diferenciando entre meia-idade e velhice.
“Nós nos concentramos no momento em que a depressão foi medida, e calculamos o quanto ela aumentava o risco de desenvolver demência. Isso nos permitiu oferecer um panorama mais preciso e atualizado da relação entre depressão e risco de demência em diferentes estágios da vida”, explicou Brain.
As conclusões do estudo sugerem que a depressão tardia pode ser não apenas um fator de risco, mas também um possível sinal precoce do desenvolvimento da demência. Os autores ressaltam que o esclarecimento sobre o impacto da depressão em diferentes fases da vida poderá orientar futuras estratégias de pesquisa, prevenção e tratamento.