Celebrado em 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é uma iniciativa criada pela ONU em 2007 com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e os direitos das pessoas neurodivergentes. No Brasil, a data também evidencia os diversos desafios enfrentados por famílias de pessoas com autismo, desde a ausência de dados precisos até as dificuldades no acesso a tratamentos adequados.
Um dos principais entraves no país é a falta de estatísticas confiáveis sobre a prevalência do TEA. O deputado federal Amon Mandel, o primeiro parlamentar autista do Brasil, classifica o cenário como um verdadeiro “apagão de dados”. Em resposta, propôs a criação da Carteira Nacional da Pessoa com Deficiência, que incluiria os neurodivergentes e poderia contribuir para o primeiro levantamento nacional sobre o tema.
Nos Estados Unidos, estima-se que uma em cada 36 crianças entre 0 e 8 anos esteja no espectro. No Brasil, a escassez de informações prejudica o desenvolvimento de políticas públicas eficazes.
O autismo é classificado em três graus de suporte. O grau 1, considerado leve, pode ser confundido com outras condições, como depressão ou esquizofrenia, enquanto os graus 2 e 3 exigem um suporte mais intensivo, o que gera altos custos e pode sobrecarregar as famílias.
Além dos desafios clínicos e sociais, muitas famílias precisam recorrer à judicialização para garantir que seus filhos tenham acesso às terapias adequadas. Amanda Marqueureto, mãe de uma criança com autismo severo, resume bem o sentimento de muitos pais: “É um desafio, são obstáculos, mas estamos aqui reafirmando que nós vamos continuar”.
Outro ponto fundamental é a importância da rede de apoio. Frederico Afonso, pai de três crianças com TEA, destaca: “O maior problema de uma família atípica é a falta de rede de suporte. Mais do que olhar para a criança, é necessário olhar para quem cuida”.
O diagnóstico de adultos também é um desafio. Muitos indivíduos no espectro desenvolvem estratégias de camuflagem que dificultam a identificação do transtorno. Segundo o Dr. Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, o tema ainda é pouco abordado, apesar de sua relevância.
Enquanto a ciência avança na compreensão do TEA, é essencial que a sociedade também evolua, combatendo o preconceito e promovendo ambientes mais acolhedores. A conscientização é um passo fundamental para a inclusão e o bem-estar das pessoas com autismo e suas famílias.