Ronald José Salvador, de 55 anos, foi atingido no tórax por uma barra de ferro
Um homem de 55 anos morreu na quarta-feira (3) após sofrer um acidente enquanto praticava supino em uma academia em Olinda, no Grande Recife, na terça-feira (2). Ronald José Salvador foi atingido no tórax por uma barra de ferro equipada com anilhas durante o exercício, passou mal imediatamente e chegou a ser encaminhado para um hospital. No entanto, não resistiu ao impacto e morreu no dia seguinte.
A causa da morte ainda está sendo investigada pela Polícia Civil de Pernambuco, que apura se houve imperícia, imprudência ou negligência, como ocorre em casos deste tipo. Diante da ausência de explicação oficial, a CNN Brasil consultou o cardiologista eletrofisiologista Bruno Valdigem, do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, para entender quais fatores podem ter contribuído para o desfecho.
Possíveis causas da morte de Ronald
Valdigem explicou que paradas cardíacas relacionadas à prática de exercícios intensos geralmente estão associadas a infartos. Porém, neste caso, o trauma torácico amplia o leque de possibilidades.
1. Fratura nas costelas
Segundo o especialista, o impacto pode ter provocado fraturas nas costelas, comprometendo a expansão pulmonar.
“Fica difícil de você conseguir fazer o ar entrar e sair, fazer pressão negativa dentro do tórax”, afirmou.
2. Pneumotórax hipertensivo
Outra hipótese é que o trauma tenha permitido a entrada de ar na cavidade pleural, formando uma bolha que impediria os pulmões de funcionar adequadamente.
3. Lesão da aorta
O cardiologista também destacou que impactos fortes no tórax podem causar lesões na aorta ou em vasos sanguíneos próximos, provocando sangramento intenso. Nesses casos, o sangue pode se esvair em questão de segundos.
4. Commotio cordis
A última possibilidade levantada é o commotio cordis, uma arritmia cardíaca rara causada por um impacto forte e não penetrante no coração.
Segundo Valdigem:
“A pancada no coração ou perto do coração pode levar a arritmia cardíaca. A arritmia cardíaca, quando é muito rápida, pode levar a uma parada cardíaca, que é o coração não conseguir empurrar sangue suficiente para oxigenar o cérebro e o resto do corpo.”
Praticar esportes não é o problema
O cardiologista destacou que a solução para evitar acidentes como esse não é abandonar a prática esportiva, mas garantir que a academia tenha estrutura adequada e suporte para emergências.
“O sedentarismo causa muito mais doenças cardíacas que vão levar ao infarto, AVC, hipertensão do que o esporte pode causar em situações atípicas”, afirmou.
Ele ressaltou a importância de academias possuírem desfibriladores externos automáticos (DEA) e profissionais treinados para utilizá-los, além de protocolos de emergência bem estabelecidos.
Valdigem também alertou que praticantes de atividades físicas devem manter exames de rotina em dia e avaliar se estão aptos para determinados exercícios.
“Depois de uma certa idade, o que mais salva a nossa vida é a presença de massa muscular.”
Ressuscitação salva vidas
Para o especialista, o conhecimento de técnicas de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é fundamental.
“Saber reconhecer uma parada salva vizinhos, amigos, pessoas na rua. Todo mundo deveria saber fazer massagem cardíaca”, disse.
Valdigem defendeu que não apenas profissionais de educação física devem ser treinados, mas também trabalhadores de todas as áreas, para que sempre haja alguém apto a agir rapidamente em uma emergência.
“Cada minuto que passa, o cérebro vai sendo consumido pela falta de oxigênio”, alertou.


