A nova diretriz do Global Initiative for Asthma (GINA 2025) trouxe atualizações importantes sobre o diagnóstico de asma em crianças com 5 anos ou menos, faixa etária em que o diagnóstico costuma ser mais desafiador.
De acordo com o documento, todos os três critérios a seguir devem ser atendidos simultaneamente para confirmar o diagnóstico de asma nessa população:
1️⃣ Episódios recorrentes de sibilância
2️⃣ Ausência de causas alternativas prováveis para os sintomas respiratórios
3️⃣ Resposta clínica favorável ao tratamento para asma
🔍 Desmembrando os critérios
1. Episódios recorrentes de sibilância aguda
O histórico deve incluir pelo menos dois episódios de sibilância nos últimos 12 meses, ou um episódio de sibilância associado a sintomas respiratórios intermitentes entre eles.
Cada episódio deve durar mais de 24 horas e envolver sibilância expiratória, uso de musculatura acessória ou respiração rápida e difícil.
Em ao menos um episódio, a sibilância deve ser confirmada por um profissional de saúde ou descrita de forma convincente por um responsável.
2. Ausência de causas alternativas prováveis
Antes de confirmar a asma, o clínico deve excluir outras condições que expliquem os sintomas respiratórios, como:
- DRGE,
- Aspiração de corpo estranho,
- Coqueluche,
- Tuberculose,
- Cardiopatias congênitas,
- Fibrose cística e displasia broncopulmonar.
Infecções respiratórias virais concomitantes não excluem o diagnóstico.
3. Resposta clínica ao tratamento da asma
O terceiro critério requer melhora clínica após uso de broncodilatadores (SABA) com ou sem corticosteroide oral, ou após um teste terapêutico com corticosteroide inalatório por 2 a 3 meses.
A resposta deve ser observada por profissional treinado ou relatada de forma convincente pelos responsáveis.
🧬 Fatores adicionais de apoio ao diagnóstico
O GINA 2025 ressalta que fatores como histórico pessoal ou familiar de atopia (rinite, dermatite atópica ou asma) fortalecem o diagnóstico, mas não são critérios obrigatórios.
Exames como Prick test e dosagem de IgE específica podem auxiliar na investigação, embora não façam parte dos critérios diagnósticos.
Ferramentas como oscilometria e teste de broncoprovocação são opções em crianças a partir dos 3 anos, mas ainda carecem de valores de referência padronizados e têm acesso limitado.
⚠️ Diagnóstico provisório e reavaliação
O documento recomenda que, quando os três critérios não forem plenamente atendidos, o paciente receba o diagnóstico provisório de “suspeita de asma”, com início do tratamento e reavaliação periódica.
O termo “lactente sibilante” deixa de ser enfatizado, consolidando o uso de “suspeita de asma” como categoria clínica.
💡 Outras atualizações
No manejo das exacerbações, o alvo de saturação de oxigênio foi atualizado para ≥ 94% (antes: 94–98%), e o uso de sulfato de magnésio inalatório não é mais recomendado.
As mudanças refletem uma tendência de reconhecimento precoce e tratamento mais assertivo da asma em crianças pequenas, corrigindo a crença equivocada de que “não se diagnostica asma em menores de 6 anos”.

