Os casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas têm aumentado em São Paulo, gerando preocupação nas autoridades de saúde. Segundo o governador Tarcísio de Freitas, o estado já registra 22 casos suspeitos ou confirmados, incluindo cinco mortes — uma confirmada e quatro em investigação.
O metanol é uma substância altamente tóxica, e sua ingestão provoca sintomas semelhantes aos de uma embriaguez por etanol (o álcool presente nas bebidas comuns), mas de forma mais intensa e com risco elevado de morte.
De acordo com o Ministério da Saúde, os sinais de intoxicação costumam aparecer entre 12 e 24 horas após a ingestão e incluem dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental, visão turva súbita e até cegueira.
Para o médico emergencista Felipe Liger, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a procura por atendimento médico deve ser imediata diante de qualquer suspeita. “Quanto mais precoce o diagnóstico e o início do tratamento, melhor o prognóstico. A intoxicação por metanol é uma condição de alto risco de morte e de danos permanentes”, alerta.
Tratamentos disponíveis
O tratamento pode envolver o uso de corretores de acidez, como bicarbonato de sódio, vitaminas como ácido fólico e, em casos selecionados, o uso de antídotos. O etanol venoso é um dos principais recursos, pois inibe a enzima álcool desidrogenase, bloqueando a formação dos metabólitos tóxicos. Esse tratamento, no entanto, só está disponível em centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS). Outro antídoto eficaz é o fomepizol, mas a substância não tem registro no Brasil.
Nos casos mais graves, a hemodiálise pode ser indicada para acelerar a eliminação do metanol do organismo.
Diferença entre embriaguez comum e intoxicação por metanol
Segundo Liger, os sintomas iniciais são parecidos com os da embriaguez alcoólica comum, mas tornam-se progressivamente mais intensos, independentemente da quantidade ingerida. Além disso, o metanol gera efeitos sistêmicos à medida que é metabolizado, provocando alterações no sistema nervoso central, dificuldade de manter-se acordado, confusão mental e distúrbios visuais severos.
Diante do aumento de notificações, especialistas reforçam que todas as unidades de saúde devem estar preparadas para o atendimento inicial dos pacientes, com exames e protocolos específicos para identificar rapidamente a intoxicação.