Entenda por que o jogador Pedro Henrique, do Red Bull Bragantino, teve o protocolo de morte encefálica interrompido e o que dizem os neurologistas sobre o caso.
O caso do jogador Pedro Henrique Severino, de 19 anos, do Red Bull Bragantino, levantou dúvidas nas redes sociais após a divulgação de que ele deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dias depois de ter o protocolo de morte encefálica iniciado. A situação gerou questionamentos sobre a possibilidade de reversão da morte cerebral, o que foi esclarecido por especialistas.
Segundo boletim médico divulgado pelo Hospital Unimed Ribeirão Preto, Pedro Henrique apresenta quadro clínico estável e já respira sem a ajuda de ventilação mecânica.
Morte encefálica não chegou a ser confirmada
Apesar de o protocolo de morte encefálica ter sido iniciado, especialistas explicam que o diagnóstico não chegou a ser concluído. O neurocirurgião Guilherme Lepski, do Hospital das Clínicas e do Instituto de Neurocirurgia de São Paulo, esclareceu à CNN que houve uma interrupção no processo de avaliação após o paciente apresentar reflexo de tosse, sinal de que o tronco encefálico ainda estava funcional.
Lepski reforça que não é correto afirmar que houve reversão de morte encefálica, pois o diagnóstico jamais foi efetivamente confirmado. “Morte encefálica é um estado irreversível. No caso do jogador, o exame foi interrompido antes da conclusão justamente por ele ter apresentado sinal clínico incompatível com esse diagnóstico”, afirma.
O neurologista William Rezende explicou que o reflexo de tosse é controlado pelo tronco encefálico, e sua presença indica atividade em uma área essencial do sistema nervoso central. Embora exames possam sugerir ausência de perfusão sanguínea nas principais artérias cerebrais, ainda pode haver irrigação por vias colaterais, o que preserva parcialmente a função neurológica.
Outras causas para o estado de arresponsividade
O neurologista Sandro Matas, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, alertou que diversos fatores podem deixar o paciente em estado arresponsivo, dificultando a distinção entre morte encefálica e outras condições críticas. Entre esses fatores estão o uso de sedativos, hipotermia, distúrbios metabólicos, hepáticos, renais, hormonais ou glicêmicos.
De acordo com Matas, o diagnóstico de morte encefálica deve ser feito com extremo rigor e somente por médicos capacitados, após o descarte de todas as demais possibilidades clínicas.
Relembre o caso
Pedro Henrique Severino e o companheiro de equipe Pedro Castro, de 18 anos, retornavam de um período de folga quando o carro em que estavam colidiu com uma carreta. O veículo era conduzido por um motorista particular.
O jogador foi encaminhado em estado crítico ao Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, com trauma craniano grave. Em 5 de março, foi iniciado o protocolo de morte encefálica, que foi posteriormente suspenso após a observação do reflexo de tosse. Desde então, o quadro evoluiu positivamente.
(Com informações CNN)