A CNN entrevistou a Dra. Leana Wen. Wen, médica emergencista e professora associada adjunta na Universidade George Washington. Ela anteriormente atuou como comissária de saúde de Baltimore, nos EUA.
O câncer colorretal é o terceiro tipo mais comum no Brasil, com cerca de 45.630 novos casos diagnosticados a cada ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A doença é mais frequente entre as mulheres, com 23.660 novos casos, contra 21.970 nos homens. Para conscientizar a população sobre a importância da detecção precoce, março é o mês de combate e alerta para o câncer colorretal.
O câncer colorretal é um termo que abrange tanto o câncer de cólon quanto o câncer retal. O câncer de cólon ocorre no cólon, enquanto o câncer retal afeta o reto. Embora as pessoas frequentemente usem os termos “câncer de cólon” e “câncer colorretal” de maneira intercambiável, o câncer de cólon é uma parte dessa categoria mais ampla. Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo no número de casos entre pessoas mais jovens. Embora a causa exata não seja conhecida, vários fatores estão envolvidos, como o aumento da obesidade, hábitos alimentares inadequados, um estilo de vida sedentário e fatores ambientais, como a exposição a produtos químicos cancerígenos presentes em alimentos, água e solo.
O tratamento do câncer colorretal varia dependendo do estágio da doença e da saúde geral do paciente. O tratamento mais comum é a cirurgia, mas também podem ser utilizadas radioterapia, quimioterapia e terapias direcionadas, incluindo imunoterapias que ajudam a fortalecer o sistema imunológico contra o câncer. O prognóstico do câncer é mais favorável quando ele é diagnosticado precocemente, antes de se espalhar para outras partes do corpo. Por isso, o rastreamento é fundamental para detectar a doença em estágios iniciais.
A recomendação das autoridades de saúde é que a maioria dos adultos entre 45 e 75 anos faça exames de rastreamento para o câncer colorretal. Essa mudança nas diretrizes ocorreu em 2021, pois antes a recomendação era que os exames começassem aos 50 anos. A decisão de realizar o rastreamento entre 76 e 85 anos deve ser tomada individualmente, em consulta com um médico, e o rastreamento é descontinuado após os 85 anos. Existem diferentes métodos para o rastreamento, sendo o mais comum a colonoscopia, que é o padrão-ouro para a inspeção visual do cólon. Durante a colonoscopia, um gastroenterologista utiliza um tubo longo para visualizar o cólon. Outro exame disponível é a sigmoidoscopia, que é mais rápida, requer menos sedação, mas oferece uma visão mais limitada do cólon. A colonografia por TC, também conhecida como colonoscopia virtual, é outra alternativa de rastreamento.
Além dos exames de imagem, existem testes de fezes, que verificam a presença de sangue oculto ou DNA tumoral, indicando possíveis sinais de câncer. Esses testes devem ser realizados a cada um a três anos, e caso algo preocupante seja encontrado, uma colonoscopia ou sigmoidoscopia é recomendada para investigação adicional. Em 2024, o FDA aprovou um exame de sangue com alta taxa de precisão, que se apresenta como uma opção interessante para aqueles que não realizam os exames tradicionais de rastreamento.
É importante destacar que a recomendação de começar o rastreamento aos 45 anos é válida para pessoas com risco médio de desenvolver o câncer colorretal. Aqueles com histórico familiar de câncer colorretal ou pólipos, ou que tenham síndromes genéticas ou doenças inflamatórias intestinais, podem precisar iniciar o rastreamento mais cedo e com maior frequência. Para esses indivíduos, é fundamental discutir com o médico as opções mais apropriadas de rastreamento.
Prevenir o câncer colorretal envolve, além do rastreamento, mudanças no estilo de vida. Parar de fumar, reduzir o consumo de álcool, tratar a obesidade, aumentar a atividade física e adotar uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e fibras são medidas que podem ajudar a reduzir os riscos. Também é recomendado diminuir o consumo de carne vermelha e processada para promover a saúde intestinal. Consultar regularmente um médico de atenção primária e discutir o risco individual é essencial para um diagnóstico precoce e para a adoção de hábitos saudáveis que previnam o câncer colorretal.
Fonte: CNN