Em um marco importante para a pesquisa médica, pesquisadores publicaram na revista Frontiers in Oncology a maior meta-análise já realizada sobre os efeitos da cannabis medicinal nos sintomas relacionados ao câncer. O estudo revisou dados de 10.641 pesquisas científicas, um volume dez vezes maior do que o de qualquer análise anterior sobre o tema.
Os resultados apontam para um consenso científico expressivo a favor dos benefícios terapêuticos da cannabis no contexto do tratamento oncológico.
Segundo os autores, a análise teve como objetivo avaliar de maneira rigorosa o potencial terapêutico, o perfil de segurança e o papel da cannabis no tratamento do câncer. Apesar da expectativa inicial de encontrar divergências, os dados indicaram que, para cada estudo que não demonstrava eficácia, três estudos apontavam efeitos positivos da cannabis. Tal índice de concordância é especialmente relevante dentro do rigor exigido pela pesquisa biomédica.
Efeitos terapêuticos e ação anticancerígena
Os resultados revelaram que a cannabis pode:
- Reduzir a proliferação de células tumorais;
- Inibir a metástase;
- Estimular a apoptose (morte programada) de células cancerígenas;
- Atuar de forma significativa como agente anti-inflamatório.
Além dos efeitos anticancerígenos, a cannabis apresentou eficácia consolidada no manejo de sintomas como dor, náusea e perda de apetite em pacientes com câncer.
Implicações legais e desafios regulatórios
Os pesquisadores destacaram que o forte consenso científico justifica uma reavaliação da classificação da cannabis como substância controlada de Classe I, propondo que as evidências respaldam seu reconhecimento como uma opção terapêutica viável.
Contudo, o estudo também reconheceu limitações, como possíveis imprecisões em análises baseadas em algoritmos de sentimentos, enfatizando a necessidade de validações adicionais e transparência na interpretação dos dados.
Pesquisas complementares, como a realizada em fevereiro de 2025 em Minnesota, corroboram os achados, apontando melhorias significativas em sintomas como dor e insônia entre pacientes oncológicos usuários de cannabis. No entanto, a questão do custo elevado permanece como um desafio para a ampliação do acesso.
A meta-análise reforça a urgência de políticas públicas e novas pesquisas que considerem a cannabis medicinal não apenas como adjuvante para controle de sintomas, mas também como potencial agente terapêutico direto no tratamento do câncer.