Com princípio ativo já consolidado, medicamento nacional pode representar alternativa viável no tratamento da obesidade. Especialista compara eficácia com Ozempic, Wegovy e Mounjaro.
O mercado brasileiro de medicamentos voltados para o tratamento da obesidade ganhou, nesta semana, um novo protagonista: o Olire, a primeira caneta emagrecedora injetável de fabricação nacional, desenvolvida pela farmacêutica EMS. Com o princípio ativo liraglutida, o produto se posiciona como uma opção mais acessível para pacientes com resistência insulínica e diagnóstico de obesidade, um problema de saúde pública que exige abordagens eficazes e seguras.
Segundo a médica Marília Gramiscelli, cirurgiã geral e especialista em nutrologia e endocrinologia, o Olire representa um avanço importante por facilitar o acesso ao tratamento. “É uma medicação indicada especialmente para pacientes com resistência insulínica e para aqueles com obesidade, uma doença inflamatória crônica que muitas vezes demanda suporte farmacológico no processo de controle”, explica.
Entre os principais efeitos relatados por pacientes que utilizam liraglutida estão a redução do apetite, o controle da glicemia e a melhora da resistência à insulina, fatores decisivos no combate ao ganho de peso associado a distúrbios metabólicos.
Comparação com Ozempic, Wegovy e Mounjaro
Apesar de o Olire utilizar uma molécula considerada mais antiga, sua relevância clínica continua válida. No entanto, medicamentos mais recentes, como semaglutida (presente nos produtos Ozempic e Wegovy) e tirzepatida (comercializada como Mounjaro), apresentam maior eficácia e conveniência posológica.
“Hoje, a tirzepatida é a melhor opção disponível no mercado, com os melhores resultados em termos de perda de peso. A semaglutida também apresenta excelente desempenho, mas a liraglutida ainda é uma boa alternativa — especialmente por ser mais acessível”, ressalta a médica.
O preço do Olire gira em torno de R$ 307 por unidade, com a caixa contendo três canetas podendo custar até R$ 760, valor sensivelmente inferior ao de medicamentos importados com moléculas mais recentes.
Diferenças entre liraglutida e semaglutida
Ambas as substâncias atuam como análogos do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1), hormônio envolvido na regulação da saciedade e da glicemia. Contudo, diferem quanto à frequência de administração e à duração de ação:
- Liraglutida (Olire): exige aplicação diária para manter sua eficácia.
- Semaglutida (Ozempic/Wegovy): permite administração semanal, com respostas mais expressivas na perda de peso.
A especialista explica que a liraglutida foi uma das primeiras moléculas utilizadas com sucesso para controle de apetite, sendo superada posteriormente pelas versões com ação prolongada. “A semaglutida trouxe a conveniência da aplicação semanal com resultados superiores, e a tirzepatida elevou ainda mais esse patamar, especialmente no tratamento da obesidade.”
Considerações clínicas
Apesar da inovação nacional, o uso de canetas injetáveis para emagrecimento deve sempre ser prescrito e acompanhado por profissionais de saúde, uma vez que se trata de um tratamento médico para uma condição crônica. A obesidade é multifatorial e envolve aspectos metabólicos, comportamentais e sociais, sendo fundamental integrá-la a estratégias amplas que incluam mudanças de estilo de vida.
A chegada do Olire representa, sobretudo, uma democratização do acesso ao tratamento farmacológico da obesidade no Brasil, abrindo caminho para que mais pacientes possam ser beneficiados por soluções eficazes dentro de um custo mais viável.