A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo anunciou que, em 2024, todos os imunizantes do calendário infantil apresentaram crescimento na cobertura vacinal, com destaque para a vacina contra a poliomielite, que ultrapassou os 90% de cobertura — patamar necessário para alcançar a chamada imunidade de rebanho.
Desde 2022, a vacinação contra a pólio no estado cresceu mais de 14 pontos percentuais, passando de 77,1% para 91,8% em 2024. Segundo o secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, o cenário em 2022 era de grande preocupação com o risco de reintrodução da doença. “Havia muita insegurança. Com 77% de cobertura, o risco era real. Agora, com mais de 90%, atingimos a imunidade de rebanho. Estamos no caminho certo para superar essa crise que se desenhava há dois anos”, afirmou.
No Brasil como um todo, a cobertura vacinal contra a pólio também melhorou, chegando a 89,5% em 2024, ainda que ligeiramente abaixo do ideal para imunidade coletiva. Há dois anos, esse índice era de aproximadamente 70%.
O aumento da cobertura demonstra a eficácia das estratégias adotadas, segundo a Secretaria da Saúde, incluindo maior repasse de recursos aos municípios, vinculado ao cumprimento de metas vacinais, campanhas educativas e valorização dos profissionais de saúde. Ainda assim, o secretário enfatiza que, embora o estado já conte com imunidade de grupo contra a pólio, a meta da erradicação, estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), exige 95% de cobertura — número que ainda não foi alcançado.
O que é imunidade de rebanho?
A imunidade de rebanho, também chamada de imunidade coletiva ou de grupo, acontece quando uma parcela suficiente da população está protegida contra uma doença, dificultando sua propagação. No caso da pólio, isso significa menos pessoas suscetíveis ao vírus e, consequentemente, menor circulação viral na comunidade.
Importante destacar que a imunidade coletiva só é eficaz quando alcançada por meio da vacinação. Mesmo com esse nível de proteção, os especialistas alertam que os cuidados devem continuar, e que o acompanhamento das coberturas vacinais precisa ser constante.
Melhora na cobertura vacinal em SP
Em 2024, o estado de São Paulo apresentou aumento de cobertura em todos os imunizantes do calendário infantil. Em 2023, apenas três vacinas superavam os 90%. Agora, sete alcançaram esse patamar. O maior crescimento foi registrado na vacina BCG, que saltou de 79,9% para 90,3%.
Vacinas com mais de 90% de cobertura em 2024:
- Tríplice viral (1ª dose): 98,7% (em 2023 era 92,5%)
- Pneumocócica: 92,6% (era 91,2%)
- Pentavalente: 91,8% (era 88,9%)
- Poliomielite: 91,8% (era 89,4%)
- BCG: 90,3% (era 79,9%)
- Rotavírus: 90,2% (era 89,5%)
- Meningocócica: 90,2% (era 90,1%)
Vacinas com menos de 90%, mas com melhora significativa:
- Hepatite A: 89,2% (subiu de 85,3%)
- Tríplice viral (2ª dose): 86,9% (subiu de 77,5%)
- Febre amarela: 81,2% (subiu de 79,6%)
Com exceção da BCG, São Paulo registrou índices superiores à média nacional em quase todas as vacinas. A cobertura da BCG, embora tenha crescido, ainda está abaixo da média nacional divulgada pelo Ministério da Saúde, que é de 93,4%.
Entenda a poliomielite
A poliomielite é uma infecção viral altamente contagiosa que afeta principalmente crianças menores de cinco anos. A maioria dos infectados é assintomática, mas em casos graves a doença pode atingir o sistema nervoso e causar paralisia permanente, geralmente nas pernas. Segundo a OMS, um em cada 200 casos pode levar à paralisia, e até 10% das crianças com paralisia morrem por falência dos músculos respiratórios.
O vírus é transmitido por via oral, geralmente por contato com fezes de pessoas infectadas, ou, menos frequentemente, por água e alimentos contaminados.
Graças à vacinação em larga escala, a pólio foi eliminada em grande parte do mundo. No entanto, o vírus ainda circula em alguns países e é considerado uma das doenças infecciosas mais perigosas, razão pela qual a manutenção de altos índices vacinais é fundamental.