Novo teste de DNA-HPV será adotado pelo SUS em 2024 como principal exame para rastreamento do câncer de colo de útero, substituindo o Papanicolau.
O Sistema Único de Saúde (SUS) começará a substituir, ainda em 2024, o tradicional exame Papanicolau pelo teste molecular de DNA-HPV como principal método de rastreamento do câncer de colo de útero. A mudança faz parte das novas diretrizes de detecção precoce da doença e será implementada em parceria com prefeituras, nas unidades básicas de saúde.
O novo teste é considerado mais eficaz na identificação precoce da infecção pelo papilomavírus humano (HPV), principal causador do câncer cervical. Desde 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já recomenda o exame de DNA-HPV como ferramenta primária para rastreamento populacional da doença.
Intervalo maior entre exames
Uma das principais vantagens do novo teste é a maior sensibilidade e confiabilidade, o que permitirá aumentar o intervalo entre coletas para cinco anos, desde que o resultado seja negativo. Atualmente, o Papanicolau é indicado com periodicidade entre seis meses e um ano, devido à menor taxa de detecção de lesões precursoras.
A faixa etária recomendada para a realização do exame permanece a mesma: mulheres entre 25 e 49 anos.
Impacto no sistema de saúde
Segundo Itamar Bento, pesquisador da Divisão de Detecção Precoce do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o investimento necessário para a transição é elevado, mas o impacto financeiro será compensado a longo prazo com a redução de gastos com internações e tratamentos de casos avançados da doença.
“Esperamos deixar de ter enfermarias lotadas com pacientes com câncer de colo de útero em estágio avançado, resultado direto de falhas na detecção precoce e na prevenção”, afirmou o pesquisador.
Câncer evitável com prevenção eficaz
O HPV é responsável por mais de 99% dos casos de câncer de colo de útero, terceiro tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, com cerca de 17 mil novos casos por ano, segundo o INCA.
Especialistas apontam que, com alta cobertura vacinal contra o HPV e a adoção de exames de rastreamento mais eficazes, é possível erradicar a doença em cerca de 20 anos. A vacinação contra o HPV é ofertada gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de grupos com maior vulnerabilidade clínica.