Os hospitais ainda em funcionamento na Cidade de Gaza estão à beira do colapso à medida que as forças israelenses intensificam os ataques terrestres e aéreos. Mesmo as unidades de campanha e instalações que resistem continuam sendo alvos, ao mesmo tempo em que sofrem com a escassez de suprimentos, medicamentos e combustível para manter geradores e equipamentos vitais.
Com a sobrecarga de feridos e doentes que fogem do norte devastado pela guerra, médicos relatam a necessidade de priorizar pacientes em estado mais grave, muitas vezes dando alta sem tratamento adequado para liberar espaço.
Diversos hospitais de campanha foram obrigados a abandonar a Cidade de Gaza, transferindo equipes para o sul, o que deixou populações inteiras sem acesso a cuidados. O cirurgião londrino Martim Griffiths, voluntário em Gaza, relatou ao Guardian:
“Vemos cada vez mais pessoas que chegam do norte com ferimentos de explosões e de balas, com feridas antigas e infectadas. Estão todos com fome, desnutridos, perderam casas e familiares. Não temos o suficiente de nada.”
Israel estabeleceu uma “zona humanitária” em Khan Younis, mas tanto o Hospital Nasser quanto as unidades de campanha em Al-Muwasi enfrentam dificuldades para absorver o fluxo de doentes. Segundo Griffiths, apenas em uma noite, o hospital de campanha em Al-Muwasi, com capacidade para 90 leitos, recebeu 160 feridos, enquanto cerca de 600 pessoas aguardavam tratamento em uma clínica improvisada.
No Hospital Nasser, a única grande unidade ainda em funcionamento, pacientes pediátricos estão sendo tratados nos corredores, já que todas as enfermarias estão lotadas. O diretor de enfermagem, Mohamed Saqr, resumiu a gravidade:
“Estamos no nosso limite máximo. A situação é muito má.”
A crise se aprofunda enquanto o Ministério da Saúde de Gaza anuncia a suspensão das atividades do Hospital Infantil Al-Rantisi e do Hospital Oftalmológico, alegando a impossibilidade de garantir rotas seguras de acesso para pacientes e feridos.