Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, com apoio da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e encomendada pela farmacêutica MSD, revelou que 64% dos homens não sabem que o HPV pode causar câncer. O levantamento também mostrou que quase metade dos entrevistados acredita que o uso do preservativo é suficiente para evitar a infecção, o que reforça a falta de informação sobre o vírus e seus riscos.
HPV: um vírus comum, mas perigoso
O papilomavírus humano (HPV) é uma das infecções mais incidentes do mundo, transmitida principalmente pelo contato direto com a pele durante relações sexuais. Em homens e mulheres, o vírus pode causar lesões nos órgãos genitais, de aparência lisa ou rugosa, geralmente indolores, mas altamente contagiosas.
Os sintomas muitas vezes passam despercebidos, o que favorece a disseminação. O uso do preservativo reduz, mas não elimina o risco de contágio, pois o vírus pode estar presente em áreas não cobertas pela camisinha. Por isso, a vacinação e a realização de exames regulares continuam sendo as formas mais eficazes de prevenção.
Embora seja mais conhecido por estar ligado ao câncer do colo do útero, o HPV também está associado a tumores de orofaringe, pênis e canal anal. Estima-se que o vírus esteja envolvido em cerca de 5% de todos os casos de câncer no mundo.
Vacinação é a melhor forma de prevenção
Segundo a urologista Maria Cláudia Bicudo, coordenadora da Comissão de Imunizações da SBU, a vacinação é a principal medida preventiva contra o HPV. Ela ressalta que o SUS oferece gratuitamente a vacina para meninos e meninas de 9 a 14 anos, faixa etária em que o corpo desenvolve melhor resposta imunológica.
“Mesmo quem já iniciou a vida sexual deve procurar o serviço de saúde”, explica Bicudo. “A vacina protege contra nove tipos do vírus, e a pessoa pode não ter tido contato com todos eles.”
Alta prevalência entre pessoas trans
O estudo também apresentou dados inéditos sobre a presença do HPV em pessoas transgênero. Dos 150 voluntários não vacinados avaliados no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (Fiocruz) e no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, 53,3% estavam infectados — um índice bem superior ao da população geral, que varia entre 11,9% e 36,2%.
Entre os casos detectados, 97,5% eram de tipos de HPV de alto risco, com potencial para causar câncer. Esses subtipos estão relacionados a mais de 90% dos casos de câncer anal, 70% dos de orofaringe e quase todos os de câncer cervical.
Os dados reforçam a importância da vacinação e da educação em saúde para toda a população, especialmente entre grupos mais vulneráveis e com menor acesso a informações confiáveis.


