Após 18 anos tentando engravidar sem sucesso, um casal conseguiu alcançar o sonho da gestação com o auxílio da inteligência artificial (IA). A gravidez foi possível graças ao método STAR (Sperm Tracking and Recovery), desenvolvido pelo Columbia University Fertility Center, nos Estados Unidos.
Durante quase duas décadas, o casal se submeteu a múltiplas rodadas de fertilização in vitro (FIV) em diferentes centros de fertilidade ao redor do mundo. No entanto, todas as tentativas falharam devido à azoospermia, uma condição rara caracterizada pela ausência de espermatozoides detectáveis no sêmen.
O método STAR utiliza IA para identificar espermatozoides extremamente raros em amostras que, tradicionalmente, seriam consideradas inviáveis. No caso do casal, apenas três espermatozoides foram localizados e utilizados com sucesso para fertilizar os óvulos da esposa, resultando na primeira gestação confirmada com essa tecnologia. O bebê deve nascer em dezembro.
O sistema STAR funciona acoplado a um microscópio equipado com uma câmera de alta velocidade, sendo capaz de gerar mais de 8 milhões de imagens em menos de uma hora. A tecnologia detecta, isola e permite a recuperação dos espermatozoides de forma não invasiva, evitando procedimentos cirúrgicos nos testículos, que são dolorosos e potencialmente danosos.
Além de sua eficiência na detecção, o STAR abre uma nova perspectiva para o tratamento de infertilidade masculina, especialmente para pacientes com azoospermia não obstrutiva. Estima-se que até 10% dos homens inférteis apresentem essa condição, que afeta cerca de 40% dos casos de infertilidade conjugal.
Segundo Zev Williams, diretor do Columbia University Fertility Center, a tecnologia foi desenvolvida ao longo de cinco anos e já demonstrou resultados surpreendentes. Em um caso citado pelo especialista, técnicos não encontraram nenhum espermatozoide após dois dias de análise manual, mas o STAR conseguiu identificar 44 em apenas uma hora.
Apesar do potencial, especialistas alertam para a necessidade de validação contínua da IA na medicina reprodutiva, enfatizando que ela não substitui o trabalho dos embriologistas, mas atua como ferramenta complementar para potencializar a precisão do diagnóstico.
O método STAR atualmente está disponível apenas no Columbia University Fertility Center, com custo estimado em US$ 3.000 para detecção, isolamento e congelamento de espermatozoides. Pesquisadores planejam compartilhar a tecnologia com outros centros no futuro.
A utilização da inteligência artificial na medicina reprodutiva já vem sendo explorada em diferentes etapas, desde a avaliação de óvulos até a seleção de embriões saudáveis, representando uma evolução significativa para pacientes que buscam alternativas avançadas e personalizadas para alcançar a gestação.
Essa inovação reforça o papel da IA como aliada no campo da fertilidade, transformando diagnósticos antes considerados definitivos e oferecendo novas possibilidades a casais que enfrentam desafios para conceber.