O Brasil registrou uma redução de 13% no número de óbitos por aids entre 2023 e 2024, o que representa mais de mil vidas salvas, segundo o novo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. Os dados refletem avanços consistentes em prevenção, diagnóstico e, principalmente, na ampliação do acesso gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a terapias modernas capazes de tornar o vírus indetectável e intransmissível.
Essa combinação de estratégias também levou o país a alcançar a eliminação da transmissão vertical do HIV como problema de saúde pública, situação em que o vírus é transmitido da mãe para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação.
“Hoje é um dia de luta, mas também de conquista histórica: alcançamos o menor número de mortes por aids em 32 anos. Esse resultado só foi possível porque o SUS oferece gratuitamente as tecnologias mais modernas de prevenção, diagnóstico e tratamento. Os avanços também permitiram ao país alcançar as metas de eliminação da transmissão vertical como problema de saúde pública”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
De acordo com o boletim, o número de mortes por aids caiu de mais de 10 mil em 2023 para 9,1 mil em 2024. Pela primeira vez em três décadas, o total anual ficou abaixo de dez mil. Os casos de aids também apresentaram redução de 1,5%, passando de 37,5 mil em 2023 para 36,9 mil no último ano.
Avanços no cuidado materno-infantil
No componente materno-infantil, o país registrou queda de 7,9% nos casos de gestantes vivendo com HIV, totalizando 7,5 mil registros, e redução de 4,2% no número de crianças expostas ao vírus, que chegou a 6,8 mil. O início tardio da profilaxia neonatal caiu 54%, evidenciando melhora significativa na qualidade do pré-natal e da atenção nas maternidades.
A eliminação da transmissão vertical foi confirmada com a manutenção da taxa abaixo de 2% e incidência inferior a 0,5 caso por mil nascidos vivos. O Brasil também superou 95% de cobertura em pré-natal, testagem para HIV e oferta de tratamento às gestantes que vivem com o vírus, atendendo plenamente aos critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esses resultados indicam que o país interrompeu de forma sustentada a infecção de bebês por HIV, alinhando-se às metas internacionais de eliminação da transmissão vertical.
Em 2024, o Brasil contabilizou 68,4 mil pessoas vivendo com HIV ou aids, mantendo a tendência de estabilidade observada nos últimos anos.
Ampliação do acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento
O país adota a estratégia de Prevenção Combinada, que reúne diferentes métodos para reduzir o risco de infecção pelo HIV. Além da distribuição de preservativos, a política incorporou ferramentas como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP).
Para dialogar com o público jovem, que tem apresentado redução no uso de preservativos, o Ministério da Saúde lançou camisinhas texturizadas e sensitivas, com a aquisição de 190 milhões de unidades de cada modelo.
Desde 2023, o número de usuários da PrEP cresceu mais de 150%, fortalecendo a testagem, ampliando a detecção precoce e contribuindo para a redução de novas infecções. Atualmente, cerca de 140 mil pessoas utilizam a PrEP diariamente. O governo federal também reforçou que seguirá insistindo em acordos para viabilizar a PrEP de longa duração, considerada estratégica para ampliar a adesão à prevenção.
No campo do diagnóstico, houve expansão expressiva da oferta de exames, com a aquisição de 6,5 milhões de duo testes para HIV e sífilis, um aumento de 65% em relação ao ano anterior, além da distribuição de 780 mil autotestes, que facilitam a identificação precoce da infecção e o início oportuno do tratamento.
O SUS mantém a oferta gratuita de terapia antirretroviral a todas as pessoas diagnosticadas. Mais de 225 mil pacientes utilizam o comprimido único de lamivudina associado ao dolutegravir, esquema de alta eficácia, melhor tolerabilidade e menor risco de efeitos adversos a longo prazo. A administração em dose única diária favorece a adesão e melhora a qualidade de vida.
Esses avanços aproximam o Brasil das metas globais 95-95-95, que estabelecem que 95% das pessoas vivendo com HIV conheçam o diagnóstico, 95% delas estejam em tratamento e 95% das tratadas alcancem supressão viral. Atualmente, o país já cumpriu duas das três metas.
Incentivo à participação social e governança
Para fortalecer a participação social na resposta ao HIV, o Ministério da Saúde lançou editais inéditos que somam R$ 9 milhões, destinados a organizações da sociedade civil. A iniciativa reconhece o papel histórico dessas entidades no controle social e na formulação de políticas públicas de enfrentamento à aids.
A pasta também reúne o maior número de comissões e comitês consultivos já instituídos na área, ampliando a escuta da sociedade e qualificando as decisões estratégicas. Além disso, liderou a criação de um comitê interministerial voltado à eliminação de infecções e doenças determinadas socialmente, com foco especial na transmissão vertical do HIV, iniciativa inédita no campo da saúde.
Exposição celebra a resposta brasileira ao HIV
Como parte das ações do Dezembro Vermelho 2025, o Ministério da Saúde abriu ao público, em Brasília, a exposição “40 anos da história da resposta brasileira à aids” e lançou a campanha “Nascer sem HIV, viver sem aids”.
Instalada no SESI Lab, a exposição reúne relatos, documentos, obras e conteúdos que retratam quatro décadas de políticas públicas, produção científica, mobilização social e conquistas que consolidaram o Brasil como referência mundial no enfrentamento ao HIV e à aids. A visitação segue aberta até 30 de janeiro de 2026.
(Com informações do Ministério da Saúde)

