A médica brasileira Maitê Gadelha, de 29 anos, compartilhou sua experiência ao perceber que o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro vem sendo utilizado como exemplo em discussões acadêmicas no Reino Unido. Formada pela Universidade do Estado do Pará e com vasta atuação em comunidades ribeirinhas, quilombolas e zonas rurais, Gadelha consolidou sua carreira com uma residência em Medicina da Família e da Comunidade e um MBA no Hospital Israelita Albert Einstein.
Com bolsa do governo britânico, ela cursou mestrado em Saúde Pública na Universidade de Edimburgo, na Escócia, onde se surpreendeu ao constatar o reconhecimento internacional do SUS. Segundo Gadelha, professores e pesquisadores consideram o Brasil um modelo em áreas como cobertura universal e atenção primária.
Um dos principais destaques citados é a Estratégia Saúde da Família (ESF), que conta com agentes comunitários responsáveis por visitas domiciliares, acompanhamento de doenças crônicas e promoção de saúde nas comunidades. Este modelo brasileiro já começa a ser adaptado em iniciativas-piloto no próprio Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido.
Além da ESF, Gadelha destaca os princípios fundamentais do SUS, como a universalidade e o atendimento gratuito, sem custos diretos ao paciente. Ela observa que, em muitos países, o pagamento “out of pocket” é comum e pode levar famílias a situações financeiras graves.
Apesar dos avanços, Gadelha também aponta desafios para o sistema público brasileiro. Entre eles, a necessidade de aprimorar a comunicação em emergências de saúde pública, como evidenciado durante a pandemia de covid-19. Outro ponto crítico envolve a sustentabilidade ambiental, citando iniciativas do NHS, que prevê substituição total de ambulâncias por veículos elétricos até 2030 e redução das emissões de carbono.
A médica ressalta, ainda, a importância de investir em educação continuada para os profissionais do SUS, com foco em capacitação, atualização e pesquisa. Outro desafio mencionado é a redução da burocracia, que atualmente sobrecarrega médicos e enfermeiros e compromete o tempo destinado ao atendimento assistencial.
Ao finalizar sua experiência no exterior, Maitê Gadelha retorna ao Brasil com novos conhecimentos e a convicção de que o SUS possui estrutura sólida e potencial para avançar ainda mais. Para ela, integrar equipes bem treinadas e aprofundar a colaboração entre saúde, assistência social e educação são fatores essenciais para fortalecer o sistema público.
A visão de Gadelha reforça a importância de valorizar o SUS não apenas como um instrumento de acesso à saúde, mas também como exemplo internacional de políticas públicas bem-sucedidas e capazes de inspirar outras nações.